Primeiramente, sua definição: aquele ato que é erótico, sexual, mas que não envolve penetração, nem oral e nem anal.
Você consegue se lembrar de sua primeira consciente excitação sexual? Alguns até conseguem. Mas e da emoção? Do sentimento? Talvez o suor nas mãos, a queimação na testa, o rosto corado (de vergonha ou tesão?). Então coloco neste questionamento também O QUE ou QUEM provocou aquela excitação. Pode ter sido uma foto, um vídeo, uma cena na rua. Mas e se foi um amigo tomando banho? O melhor amigo se vestindo no quarto ou o primo colocando uma sunga. Pode ser que você tenha se masturbado depois pensando no objeto da excitação. Talvez não logo depois, mas deve ter acontecido em algum momento. Já quando começamos a nos interessar por alguém, a situação é diferente. Paquera, olhares. Para alguns é a mão na perna, por cima da calça. O beijo, o abraço, o toque. Tudo isso se torna muito mais intenso quando o contato físico com o outro sai do mundo das idéias.
Quando um médico examina alguma “parte baixa” de nosso corpo, pode ser ou não ser excitante. Tudo vai depender de quanto o médico é bonito / gostoso, do seu momento, suas fantasias, etc.
Estas experiências são sexuais? A resposta depende de cada um? Em nenhuma delas há penetração. E o gozo (ejaculação)? Há? Sempre?
Eu entendo (e provavelmente também maioria dos que lêem este blog) que o BDSM é mais elaborado, com mais conceitos formados, suas liturgias, rituais conscientes do que o ato sexual mais convencional, tradicional. Não conscientes talvez sejam nossos dispositivos para instigar nossos prazeres, físicos e / ou psicológicos.
E neste momento o BDSM se torna tão estimulante (muitíssimo para mim). Tal como todas aquelas experiências fora do mundo BDSM são sexuais sem envolverem o sexo, no BDSM isso também é possível (e desejado, na verdade). Não só eu, mas outros Mestres e escravos esperam por este contato sexual sem sexo. Acredito que cada laço estabelecido, cada relação concretizada, vá ter sua dose de sexo sem o sexo e de sexo com o sexo. Tendo em mente a singularidade de cada vínculo e de cada um dentro do vínculo, encontraremos inclusive aquelas mais extremistas (e posso falar por experiência própria dos dois extremos). Ou os que precisam da penetração, que não se sentem completos nem felizes sem ela e que é indispensável; ou o Mestre que, por exemplo, quer se encontrar com um escravo só para ter suas botas engraxadas e depois ir embora.
Muitos escravos têm o auge do prazer (com):
-Tortura;
-Espancamento / socos / chutes / tapas / chicotadas / cintadas;
-Humilhação;
-Pisadas;
-Mijos;
-Exposição pública;
-Confinamento;
-Vendas;
-Mordaças;
-Queimaduras de cigarros, charutos, ceras, velas;
-Sendo um cão, animal de estimação;
-Servindo de lixo, mictório, cinzeiro ou latrina;
-O carinho superior do Mestre;
-A proteção vinda do Mestre;
-Estimulação elétrica;
-Pregadores;
-Masturbação forçada;
-Exibicionismo;
-Imobilização;
-Ajoelhando-se diante do Mestre;
-Cuspe;
-Sondas;
-Sendo suspenso;
-Tortura genital;
-Sendo um servo literalmente.
Estas práticas (algumas instigando mais o lado psíquico do que o físico em si) são inúmeras, realmente incontáveis se nos lembrarmos de como é poderosa a imaginação humana. Obviamente alguns Mestres tendem a ter seu maior prazer também desta forma com seus escravos.
Há algumas áreas obscuras quando classificamos nosso prazer sexual em genital e não genital. Alguns exemplos são o fisting, os consolos, a tortura genital e a própria masturbação. Não envolvem a penetração anal e nem oral, e por isso não é sexo genital segundo a definição no começo deste texto. Mas elas envolvem áreas muito sexuais.
Terminando minha divagação filosófica, minha intenção aqui é chamar atenção para o BDSM que não exige a presença do sexo tradicional, aquele com penetração e às vezes nem mesmo o gozo se faz necessário.
O papel desta discussão é também fazer você (mais experiente) lembrar-se do dia que serviu de apoio ou descanso para o seu Mestre, e ficou mais excitado do que nunca. Ou então para meu colega leitor e Mestre que quase gozou ao ouvir o início de um choro de seu escravo apanhando.
E você que, mesmo inexperiente, acompanha este blog, fique com mais vontade a ponto de se arriscar na próxima oportunidade.
Até mais,
CigarMaster