NÃO ESQUECER DE...

Quem acompanha este blog e já leu outros textos daqui sabe que os tipos de relacionamentos BDSM são muitos, e que cada um tem a sua forma de gostar. Tendo em vista o seu jeito, veja alguns pontos básicos para refletir sobre os papéis. Chamarei aqui de Mestre e escravo para me referir aos dois lados, mas entenda Mestre / escravo, Dono / cão, Pai / filho, Sir / boy, Dominador / submisso, etc, como for sua preferência, tendência, vontade ou verdade. Atenção: não são SOMENTE estas coisas, mas são estas coisas TAMBÉM.

>>>O Psíquico



>> Sobre o domínio da relação;
A não ser aqueles Mestres que têm a predileção pelos escravos rebeldes, tenho certeza a maioria gosta daqueles que abaixam a cabeça e esperam a próxima ordem. Assim como nem sempre é fácil para um homem assumir que abaixará a cabeça diante de outro homem, não é sempre tão óbvio que nós, Mestres, a partir de tal momento, teremos controle de tudo que se passa. Podemos saber conscientemente, mas até mais experientes hesitam em algum momento, por vezes esquecem que têm a voz de comando, que podem e dever tomar uma decisão pelo seu escravo. E sim, é exatamente isto que o escravo espera e deseja: nosso comando.
>>A adequação;
Refletir sobre o que, como e onde se deve falar é necessário. Claro que simplesmente ir pelo fator “tesão” é gostoso e tem que ser assim mesmo. Mas em se tratando de um jogo psicológico onde as duas partes estão tão intrinsecamente envolvidas, esta reflexão pode evitar algumas situações bem desagradáveis. Mandar o escravo limpar todas as suas botas em um dia pode soar um castigo, mas também pode indicar o tipo de relação que você quer ter com ele. Se der esta ordem depois de ele ter feito algo errado, vai indicar a primeira hipótese. Se der esta ordem enquanto estão conversando sobre a relação e combinando limites, ele vai compreender que se trata do segundo caso.
>>A atenção ao que ocorre;
Sabemos que dentro ou fora deste mundo, gemidos podem indicar muito prazer, o choro, a dor. Além destes óbvios indicativos, quais outros podem nos dar idéia se aquele é o caminho a seguir? Estando no comando, observar se o escravo está mais triste ou mais contente, mais animado ou desanimado, demonstra desejo ou desânimo, nos dá uma boa dica para onde esta relação vai, que caminho está seguindo.
>>O conhecimento prévio;
Antes de tratar seu escravo como cão, não se esqueça de pensar se esta é realmente a “viagem” dele. Antes de castigá-lo com rejeição, tente pensar um pouco em como isto o afetará. Não temos que fazer somente o que o escravo quer e espera, mas passar dos limites nesta área pode não ser tão bom.
>>O inesperado;
E quando há alguma discórdia mais grave entre o Mestre e o escravo? Ou logo após uma bronca mais severa, o último começa a chorar, deprimido? Sentar juntos e decidir o melhor remédio para aquilo não ocorrer mais é uma resolução que não só do âmbito BDSM, mas de qualquer outro. A diferença aqui é que os motivos podem ser mais peculiares. E que havendo um impasse muito grande, minha opinião é que a palavra do Mestre deva prevalecer.

>>>O Físico


>>Sobre o domínio da cena;
A cena que falo aqui é a sadomasoquista que envolve Dominação / submissão e também cordas, algemas, vendas, mordaças, separadores de pernas, correntes, coleiras, guias, silver tape, etc. Estes itens são importantes, havendo o gozo em usá-los ou então sendo necessários. O domínio ou imobilização também pode se dar verbalmente, por ordens ou proibições e, então, fatalmente, tange o lado psíquico. Não se esqueça: você, Mestre, está no comando e isto não foi imposto a você nem ao escravo. Os dois querem e decidiram isto. Use este poder.
>>A adequação;
Algumas perguntas resumem aqui o que quero dizer: é adequado fazer o escravo chorar de tanto apanhar em seu primeiro contato com o BDSM? E dar um tapa quando o escravo está acostumado a levar 50 cintadas? O Mestre é que decide o próximo estímulo e o escravo espera que ele seja coerente. Nenhum escravo procura ter um contato físico com um Mestre que vai machucá-lo de verdade, mas tampouco só fazer carinho.
>>A atenção ao que ocorre;
Dependendo do tipo de contato em jogo, da cena que é, uma ou outra atenção é mais importante. A respiração, consciência, onde o escravo reclama de dor, a cor e a temperatura da pele são alguns dos fatores importantes.
>>O conhecimento prévio;
Não é que tudo tenha que ser discutido, todas as taras, fetiches, fantasias, práticas, desejos. Mas algum conhecimento sobre as excitações do seu (futuro) escravo é necessário. Só não deixe também de indicar suas vontades, com certeza ele quer saber o que te agrada. Geralmente, a maior preocupação do escravo é agradar o Mestre, da forma que for, onde for, quando for. E há uma beleza espantosa nisto.
>>O inesperado.
Um Mestre que tenha cuidado consigo e com seu escravo não deverá ter grandes problemas na hora de alguma cena intensa. O básico, geral: é lembrar que os nós não devem prender o sangue, qualquer coisa no pescoço deve ter atenção redobrada, assim como objetos cortantes, perfurantes. Cuidar para que nada afete os olhos, nem líquidos, objetos ou mesmo tapas. Em contato com o ânus, camisinha e luvas cirúrgicas sempre.

>>> A hora de parar
Tanto o psíquico quanto o físico têm seus limites. Alguns deles eu já presenciei, outros só conheço teoricamente. Ainda bem. Mesmo achando que não vamos chegar nem perto deles, o Mestre é o principal responsável por trazer o assunto à tona. Assim sendo, é sempre acertado combinar uma “safe word”, ou algo que do tipo.

“Se você estalar os dedos, paramos tudo, entendido escravo?”
“Sim senhor, Mestre”

Até a próxima.

CigarMaster